Unidades da BRF na região já deixaram de abater mais de 5 milhões de frangos

A paralisação que iniciou com caminhoneiros e ganhou adesão de outros segmentos está comprometendo ainda mais o setor avícola do Sudoeste – que já enfrenta incertezas devido ao embargo europeu à carne de 20 frigoríficos brasileiros. Desde a semana passada até ontem, 5,4 milhões de frangos deixaram de ser abatidos nas unidades da BRF de Francisco Beltrão e Dois Vizinhos devido à escala reduzida de trabalho. E a situação tende a se agravar: o farelo de soja e milho não está chegando até a fábrica de ração e com isso milhares de aves poderão morrer nos aviários devido à falta de alimentação.

O cenário foi apresentado pelos gerentes da BRF, Vilto Meuer (Dois Vizinhos) e Sandro Fontes (Beltrão) durante encontro de produtores e diretores de frigoríficos com ao menos 14 prefeitos da região. A reunião de emergência aconteceu na Associação dos Municípios do Sudoeste do Paraná (Amsop) e apresentou a preocupação do setor agropecuário com a paralisação.

“A carga seca não está rodando e, assim, não temos como produzir ração para abastecer os aviários. Em três, quatro dias 60% das aves estarão mortas e isso pode evoluir para uma situação de calamidade, já que não há como descartar tudo isso; vai gerar um problema de saúde pública”, frisou Vilto. Juntas, a BRF, Vibra e Coasul têm, hoje, quase 50 milhões de aves alojadas em aviários da região.

Produtores de suínos e de leite também participaram do encontro e mostraram como estão sendo afetados pelo desabastecimento nas propriedades. Somente em Dois Vizinhos – onde 70% do PIB agropecuário está ligado à avicultura – mais de 1 milhão de pintainhos foram sacrificados pela Pluma por não poderem serem transportados até os aviários. “E nos próximos dias, em virtude da falta de ração, vamos ter que sacrificar 500 mil pintainhos por dia no incubatório”, informou o gerente administrativo da empresa, Luciano Santin.

No limite, mas é preciso diálogo

A situação chegou no limite, avalia o vice-presidente da Coasul, Jacir Scalvi: “não temos mais como esperar uma decisão sobre essa paralisação. Daqui pra frente vamos amargar milhões em prejuízos e isso vai se refletir em outros setores; a região toda vai entrar em um estado caótico, economicamente falando”.

O tom de quem esteve no encontro foi de que o diálogo com os manifestantes que estão bloqueando rodovias e impedindo a passagem de caminhões seja mantido e eles compreendam a situação. “Ainda não é possível calcular as perdas, mas elas já estão sendo maiores para a nossa região e produtores do que os 46 centavos de desconto no diesel conseguido pelos caminhoneiros. Eu também uso combustível, mas, acima de tudo, preciso sobreviver do que produzo”, disse o presidente da Associação dos Avicultores da Microrregião da Fronteira, Jaime Lazarotto.

70% do leite produzido no Sudoeste está sendo descartado

Para o setor leiteiro os prejuízos são contabilizados dia a dia, já que o ciclo da atividade é menor que o da avicultura. Apesar de caminhões de leite passarem pelos bloqueios, os laticínios já não recebem o produto desde o início da semana por não possuírem condições de processar, estocar e enviar o leite para os supermercados. O jeito de muitos produtores foi vender para as queijarias, que pagam entre 30 e 50 centavos por litro – menos da metade do que um laticínio.

Desde ontem, segundo um dos diretores da Rural Leite Sudoeste, nem as queijarias estão mais recebendo o leite, que está saindo da ordenha e indo direto pro ralo. “O jeito é descartar, porque a vaca precisa ser ordenhada todo o dia, não tem como interromper isso. A gente estima que no Sudoeste uns 70% da produção está tendo o mesmo destino e em Beltrão o descarte chegue a 40% do que é produzido”, explica Maciel Comunello.

Quando o leite não tem saída, o prejuízo fica com quem produz. “Já estamos com um preço que vem se recuperando lentamente após uma crise no setor e agora temos todos os custos de manter os animais, gastar energia elétrica, ter o serviço de ordenhar e ainda ter que jogar tudo fora”, diz Comunello, que estima um prejuízo de R$ 20 mil até ontem.

(Assessoria Amsop)

29 de maio de 2018

Foto: Assessoria de Imprensa\Amsop

A paralisação que iniciou com caminhoneiros e ganhou adesão de outros segmentos está comprometendo ainda mais o setor avícola do Sudoeste – que já enfrenta incertezas devido ao embargo europeu à carne de 20 frigoríficos brasileiros. Desde a semana passada até ontem, 5,4 milhões de frangos deixaram de ser abatidos nas unidades da BRF de Francisco Beltrão e Dois Vizinhos devido à escala reduzida de trabalho. E a situação tende a se agravar: o farelo de soja e milho não está chegando até a fábrica de ração e com isso milhares de aves poderão morrer nos aviários devido à falta de alimentação.

O cenário foi apresentado pelos gerentes da BRF, Vilto Meuer (Dois Vizinhos) e Sandro Fontes (Beltrão) durante encontro de produtores e diretores de frigoríficos com ao menos 14 prefeitos da região. A reunião de emergência aconteceu na Associação dos Municípios do Sudoeste do Paraná (Amsop) e apresentou a preocupação do setor agropecuário com a paralisação.

“A carga seca não está rodando e, assim, não temos como produzir ração para abastecer os aviários. Em três, quatro dias 60% das aves estarão mortas e isso pode evoluir para uma situação de calamidade, já que não há como descartar tudo isso; vai gerar um problema de saúde pública”, frisou Vilto. Juntas, a BRF, Vibra e Coasul têm, hoje, quase 50 milhões de aves alojadas em aviários da região.

Produtores de suínos e de leite também participaram do encontro e mostraram como estão sendo afetados pelo desabastecimento nas propriedades. Somente em Dois Vizinhos – onde 70% do PIB agropecuário está ligado à avicultura – mais de 1 milhão de pintainhos foram sacrificados pela Pluma por não poderem serem transportados até os aviários. “E nos próximos dias, em virtude da falta de ração, vamos ter que sacrificar 500 mil pintainhos por dia no incubatório”, informou o gerente administrativo da empresa, Luciano Santin.

No limite, mas é preciso diálogo

A situação chegou no limite, avalia o vice-presidente da Coasul, Jacir Scalvi: “não temos mais como esperar uma decisão sobre essa paralisação. Daqui pra frente vamos amargar milhões em prejuízos e isso vai se refletir em outros setores; a região toda vai entrar em um estado caótico, economicamente falando”.

O tom de quem esteve no encontro foi de que o diálogo com os manifestantes que estão bloqueando rodovias e impedindo a passagem de caminhões seja mantido e eles compreendam a situação. “Ainda não é possível calcular as perdas, mas elas já estão sendo maiores para a nossa região e produtores do que os 46 centavos de desconto no diesel conseguido pelos caminhoneiros. Eu também uso combustível, mas, acima de tudo, preciso sobreviver do que produzo”, disse o presidente da Associação dos Avicultores da Microrregião da Fronteira, Jaime Lazarotto.

70% do leite produzido no Sudoeste está sendo descartado

Para o setor leiteiro os prejuízos são contabilizados dia a dia, já que o ciclo da atividade é menor que o da avicultura. Apesar de caminhões de leite passarem pelos bloqueios, os laticínios já não recebem o produto desde o início da semana por não possuírem condições de processar, estocar e enviar o leite para os supermercados. O jeito de muitos produtores foi vender para as queijarias, que pagam entre 30 e 50 centavos por litro – menos da metade do que um laticínio.

Desde ontem, segundo um dos diretores da Rural Leite Sudoeste, nem as queijarias estão mais recebendo o leite, que está saindo da ordenha e indo direto pro ralo. “O jeito é descartar, porque a vaca precisa ser ordenhada todo o dia, não tem como interromper isso. A gente estima que no Sudoeste uns 70% da produção está tendo o mesmo destino e em Beltrão o descarte chegue a 40% do que é produzido”, explica Maciel Comunello.

Quando o leite não tem saída, o prejuízo fica com quem produz. “Já estamos com um preço que vem se recuperando lentamente após uma crise no setor e agora temos todos os custos de manter os animais, gastar energia elétrica, ter o serviço de ordenhar e ainda ter que jogar tudo fora”, diz Comunello, que estima um prejuízo de R$ 20 mil até ontem.

(Assessoria Amsop)

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